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Jaqueline Góes de Jesus

Jaqueline Góes de Jesus é soteropolitana e nasceu em uma família simples. Sua mãe é técnica em enfermagem e pedagoga e o pai, engenheiro civil, ambos formados pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seus pais tiveram origem muito humilde e melhoraram a qualidade de vida através dos estudos. Segundo ela, o incentivo e investimento dos pais na educação dos filhos foram o maior bem que deixaram, o que a motivou a se referir à “educação como um tesouro”. Jaqueline cursou a educação fundamental em escola particular e o ensino médio no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet/BA, atual Instituto Federal de Educação Tecnológica – Ifba). Sobre aquele período diz: “mudou completamente minha visão de mundo, pois eu vinha de uma escola particular, e estar num Instituto Federal oferecia liberdade de ir e vir e, principalmente, de escolher o que queria para meu futuro. Foi muito novo para mim, aprendi a lidar com a diversidade e fui estimulada a pensar criticamente. São ensinamentos que levo comigo para toda a vida”, relembra.

 

A trajetória de estudos de Jaqueline é extensa. Ainda adolescente, escolheu a carreira que queria seguir. Após concluir a escola, fez faculdade de Biomedicina na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Durante o terceiro semestre do curso, soube de um projeto de iniciação científica, para o qual fez a seleção e foi aprovada. Sua primeira experiência em pesquisa foi com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Antes de realizar este trabalho, ela não pensava em ser cientista. Porém, foi através dele que entendeu a importância de um pesquisador. Ela adquiriu conhecimento com o passar do tempo e logo foi convidada para atuar na Fundação Oswaldo Cruz - instituição dedicada à pesquisa em saúde e desenvolvimento social de grande renome no Brasil. Após a experiência com a pesquisa sobre HIV, integrou o projeto Zimbra, no qual percorreu o Nordeste brasileiro para sequenciar o genoma do vírus da Zika. Jaqueline concluiu o mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI) no Instituto de Pesquisas Gonçalo Moniz - Fundação Oswaldo Cruz (IGM-FIOCRUZ). Em seguida, fez doutorado em Patologia Humana e Experimental, resultado de uma parceria entre a UFBA e o IGM-FIOCRUZ, quando participou do mapeamento do zika vírus no Brasil.

 

Durante o curso de doutorado, estudou na Universidade de Birmingham, na Inglaterra sobre a reprodução dos vírus HIV, Zika e do vírus causador da dengue. No pós-doutorado, tem se dedicado à investigação da dengue no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo – Universidade de São Paulo (IMT-USP). Atualmente, a biomédica é licenciada pela Escola Bahiana e professora-adjunta de Bioquímica da Escola Bahiana.

 

Em 2020, aos 30 anos, Jaqueline Góes coordenou o grupo responsável pelo sequenciamento do genoma do coronavírus, juntamente com Éster Cerdeira Sabino, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas, da Faculdade de Medicina da USP e diretora do Instituto de Medicina Tropical desta universidade entre 2015 e 2019. As pesquisadoras iniciaram o trabalho de sequenciamento do coronavírus na quarta-feira de cinzas, assim que o primeiro caso foi confirmado no Brasil. Este trabalho foi concluído em menos de 48 horas. Porém, Jaqueline não considera isto um feito inusitado. “Nossa equipe faz esse tipo de sequenciamento na rotina de pesquisa em menos tempo, entre 12 e 24 horas. Talvez o que favoreceu o destaque tenha sido o fato de outros países não conseguirem realizar em um tempo tão curto” , afirmou a cientista. Em sua opinião, a realização desse sequenciamento favorece as instituições brasileiras de pesquisa , que sofrem no momento atual com a falta de apoio e de financiamento para continuarem funcionando. “Acredito que esse feito ajudou a nossa população a se aproximar mais do que é fazer ciência e a compreender a necessidade de apoiá-la. Creio que a mudança que queremos, por mais investimento em saúde pública, incluindo as pesquisas, precisam de apoio popular. E talvez tenhamos conseguido mostrar um pouco a importância da ciência, no contexto atual”. Acredita, também, que o reconhecimento faça com que a equipe ganhe mais visibilidade e recursos para a pesquisa científica, uma vez que as realizadas no país têm vários impactos positivos para a sociedade brasileira, “pois as informações genéticas geradas pelos estudos não apenas do coronavírus, mas também de dengue, Chikungunya e outros vírus cujos surtos já cobrimos (Zika e febre amarela), podem ajudar, principalmente no início da epidemia, a direcionar ações de saúde pública, identificando os focos a partir dos quais se deu a transmissão e tomando as medidas de precaução, com o isolamento de lugares públicos”, explica a pesquisadora. Mesmo que considere a situação da Ciência no Brasil difícil por falta de incentivo e reconhecimento da profissão do cientista, Jaqueline comemora que mais mulheres tenham escolhido essa área.

 

Quando perguntada sobre as dificuldades enfrentadas por ser uma pesquisadora negra, Jaqueline respondeu: “Sou pesquisadora negra e, como pesquisadora negra no Brasil, enfrento dificuldades em todos os âmbitos da vida. Não é em um local específico ou com um grupo específico: a gente sofre preconceito todos os dias, pois existe o preconceito velado por conta desses séculos vividos onde a pessoa de pele preta nunca foi valorizada e sim inferiorizada. Com o passar do tempo, isso foi vinculado a pessoas de baixa intelectualidade, de baixo poder aquisitivo, da marginalização na sociedade.[...] Dizer que como pesquisadora negra não encontrei dificuldades é hipocrisia. A diferença é que, dentro da academia, as coisas nunca foram muito explícitas: há racismo velado e alguns comentários que as pessoas fazem em 'tom de brincadeira', mas que a gente sabe que tem tom racista. Diria que sofri e sofro, mas considero ser mais por falta de interesse em discutir e problematizar a situação racial do país. Nunca me disseram você é negra, você é menos inteligente. Mas a gente sente nas entrelinhas. Talvez sinta mais por ser muita ligada às lutas que envolvem questões raciais da população preta do Brasil. Não gosto de usar o termo negro por estar relacionado a um ser sem luz. Sou uma mulher de pele preta.”. “Hoje, tenho consciência de que faço o meu trabalho com maestria, independentemente de como as pessoas me pré-conceituam, antes de realmente me conhecerem”, afirma Jaqueline.

 

Em Março de 2020, o trabalho de Jaqueline Góes de Jesus recebeu destaque na Assembleia Legislativa da Bahia: o deputado Isidório Filho (Avante) evidenciou a importância do sequenciamento, pois isto contribui para descobrirmos uma vacina para a doença. No dia 6 do mesmo mês e ano, Ester Sabino e Jaqueline Góes de Jesus foram homenageadas pelo estúdio Maurício de Sousa Produções como duas personagens da Turma da Mônica. A imagem faz parte do projeto Donas da Rua, que tem apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres e foi desenvolvido pela filha de Maurício de Sousa, Mônica. A ideia do projeto do estúdio é usar as versões animadas para celebrar e homenagear mulheres relevantes na ciência, nas artes, na política e em outros campos da sociedade.​​​​

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Glossário

  • Genoma: é o conjunto de todos os genes de um ser vivo (ex. insetos, plantas, animais, seres humanos etc. Os genes existem organizados em uma sequência, embora não possam ser vistos a olho nu. Eles comandam o funcionamento do corpo e transmitem as características de cada organismo quando ele se reproduz. Nos seres humanos, a cor do olhos, o cabelo, a cor da pele etc. são uma combinação dos genes dos pais.

  • Sequenciar o genoma: significa descobrir a arrumação dos genes que compõem o material genético de um ser vivo. O material genético funciona como uma "receita de bolo": ele identifica cada ingrediente do bolo e a ordem em que devem ser combinados. Se conhecermos os ingredientes (genes) e a ordem (sequência) em que eles devem ser combinados, é possível descrever como será o bolo (ser vivo) ao ficar pronto (se reproduzir). Identificar a sequência de um genoma ajuda a elaborar vacinas, descobrir remédios para tratar uma doença etc.

  • Zika vírus: é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti (o mesmo mosquito que transmite a Dengue); e causa a Síndrome Congênita de Zika (SCG), uma doença que provoca sérios problemas de saúde. Homens e mulheres de qualquer idade correm risco de ficar doentes com o vírus Zika. Se uma mulher é picada durante a gravidez, o bebê pode nascer com microcefalia.

Fonte:

 

Disponível em:  <​https://m.bahiana.edu.br/noticias/detalhes/32890/pesquisadora-ex-aluna-do-curso-de-biome dicina-e-professora-adjunta-da-bahiana-dra.-jaqueline-goes-lidera-grupo-que-sequenciou-gen oma-do-coronavirus/​>. Acesso em 11 de maio de 2020. Disponível em:  <​https://olhardigital.com.br/coronavirus/noticia/dia-da-mulher-jaqueline-goes-de-jesus-especi alista-em-virus/97723​>. Acesso em 11 de maio de 2020.

Disponível em: <​https://pt.wikipedia.org/wiki/Jaqueline_Goes_de_Jesus​>. Acesso em 11 de       maio de 2020.

Disponível em: <​http://www.edgardigital.ufba.br/?p=16386​>. Acesso em 11 de maio de         2020.

Disponível em:  <​https://www.nsctotal.com.br/noticias/os-desafios-da-cientista-negra-que-coordena-a-equipede-brasileiros-que-isolou-o-genoma-do​>. Acesso em 11 de maio de 2020. 

 

Fonte Fotos:

 

Disponível em:  <https://img.r7.com/images/jaqueline-goes-de-jesus-pesquisadora-do-sequenciamento-do-gen oma-do-coronavirus-06032020152357888>. Acesso em 11 de maio de 2020. 

Disponível em:  <https://revistaraca.com.br/wp-content/uploads/2020/05/DraJaqueline-scaled-e158859752618 2-1280x1214.jpg>. Acesso em 11 de maio de 2020.

Disponível em:  <http://www.edgardigital.ufba.br/wp-content/uploads/2020/04/jaquelineester.jpg>. Acesso  em 11 de maio de 2020.

Disponível em: < https://www.interdependente.com/2020/03/cientista-que-sequenciou-coronavirus.html>. Acesso em 11 de maio de 2020.

Disponível em: <https://www.uninassau.edu.br/noticias/cientista-que-sequenciou-o-genoma-do-coronavirus-palestra-no-recife>.Acesso 11 de maio de 2020.

Disponível em: <https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/conheca-a-cientista-baiana-que-sequenciou-o-genoma-do-coronavirus-no-brasil/>. Acesso em 11 de maio de 2020. ​

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