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Sonia  Guajajara

A líder indígena brasileira Sonia Bone Guajajara, que tem como nome civil Sonia Bone de Souza Silva Santos, nasceu no dia 6 de março de 1974, na Terra Indígena Araribóia, no estado do Maranhão. Sonia é filha de lavradores e passou a infância ajudando os pais na colheita de arroz, mandioca e milho e na produção de farinha. Segunda filha entre oito irmãos, gostava de conhecer o mundo por meio dos livros e tinha certeza de que não se casaria na adolescência, como ainda é comum nas aldeias.

 

Aos 10 anos, saiu para estudar na cidade de Imperatriz. Lá, trabalhou em casas de família em troca de moradia. Aos 15, contrariando a vontade dos seus pais, foi encaminhada pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para cursar o Ensino Médio em um colégio interno, em Minas gerais. Lá, Sonia permaneceu por três anos e cursou o Magistério. Em 1992, retornou para sua terra e foi trabalhar nas aldeias no projeto de Monitoria de Educação e Saúde, dando aulas sobre os prejuízos decorrentes do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas (drogas) legais e ilegais, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e outros assuntos relevantes, além de atuar como professora municipal em Campo Formoso, na Bahia. Em 1993, foi convidada pela Igreja Católica de Amarante para fazer um estágio de medicina alternativa no Instituto Paulista Promoção Humana em Lins – IPPH/SP, dedicado à pesquisa sobre o uso das plantas medicinais e sua aplicação na medicina moderna.

 

Em 1995, voltou para a cidade maranhense de Imperatriz, onde, fez o curso de Auxiliar de Enfermagem. Para se manter e pagar seu curso, trabalhou como professora em escolas públicas e particulares. Em 2000, foi aprovada em outro concurso público municipal para atuar como professora e, em seguida, passou no vestibular da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, onde graduou-se em Letras e pós-graduou-se em Educação Especial.

 

Em 2001, participou da Pós-Conferência da Marcha Indígena, primeiro evento nacional indígena, para discutir o Estatuto dos Povos Indígenas no estado de Goiás. Foi lá que Sonia começou sua luta pela garantia das terras indígenas. No período de 2001 a 2007, atuou na Coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão - COAPIMA. Em 2008, esteve presente no Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU) para Questões Indígenas, na cidade norte-americana Nova Iorque.

 

Desde cedo, Sonia luta pelos direitos indígenas e bandeira prioritária é a regularização dos seus territórios. Quando ingressou em organizações mais institucionalizadas para reivindicar os direitos indígenas, foi reconhecida pelas comunidades como liderança no Maranhão, e esse reconhecimento se ampliou por toda a Amazônia. A partir desses espaços, passou a articular mobilizações e agendas de lutas do povo indígena, no território nacional e internacionalmente. Em 2017, durante o evento musical Rock in Rio, a líder indígena foi chamada pela cantora Alicia Keys para subir ao palco e discursar sobre a demarcação de terras indígenas. Diante de 100 mil pessoas, vestida com trajes típicos de sua tribo Guajajara/Tentehar, ela defendeu a Amazônia: “Os povos indígenas e o meio ambiente estão sendo brutalmente atacados. Não existe plano B, essa é a mãe de todas as lutas, é a luta pela mãe Terra. Demarcação, já!”, bradou. A fala se referiaa um decreto que, à época, estava para ser votado no Senado e previa a liberação de mineração em uma extensa área de reserva entre os estados do Pará e o Amapá. Em dez dias, Sonia Guajajara viu a medida ser revogada.

 

Sonia também luta pela inserção dos povos indígenas na sociedade participando de diferente espaços de decisão: “As escolas deveriam desmistificar a figura indígena com as crianças e os jovens. Mostrar para eles que não somos mais aquelas populações da época da colonização, em 1500, que permanecia na mata, apenas caçando e pescando. Atualmente, continuamos lutando pelo nosso direito territorial, pela nossa sobrevivência física e cultural, como uma forma de manter a nossa identidade e nosso modo de vida. Estamos cada vez mais inseridos em todos os espaços, mas ainda falta muito. É nosso direito e dever usufruir como cidadão do que está disponível, como ensinos superiores, ferramentas tecnológicas, políticas públicas, etc. Porém, nunca esquecendo quem somos e de onde viemos, e, para isso, temos que partir da garantia dos nossos territórios”, afirmou Sonia em uma entrevista.

 

Em 2018, aos 44 anos, Sonia se candidata à vice presidência, ao lado de Guilherme Boulos (professor e ativista social do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST) pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), sendo a primeira mulher indígena a concorrer numa chapa à presidência da República. No ano de 2020, em entrevista sobre a participação das mulheres indígenas na política, Sonia deu o seguinte depoimento: “Ser mulher indígena no Brasil é você viver um eterno desafio, de fazer a luta, de ocupar os espaços, de protagonizar a própria história. Historicamente, foi dito para nós que a gente não poderia ocupar determinados espaços. Por muito tempo, as mulheres indígenas ficaram na invisibilidade, fazendo somente trabalhos nas aldeias, o que não deixa de ser importante, porque o trabalho que a gente exerce nas aldeias sempre foi esse papel orientador. Só que chega um momento que a gente acredita que pode fazer muito mais do que isso, que a gente pode também estar assumindo a linha de frente de todas as lutas.”

 

Do Maranhão para o mundo, Sonia conquistou respeito internacional, levou denúncias às Conferências Mundiais do Clima (COP) e ao Parlamento Europeu. Ganhou diversos prêmios, como o da Ordem do Mérito Cultural 2015 (maior honraria pública da cultura conferida pelo Ministério da Cultura a personalidades e instituições como forma de reconhecer suas contribuições à cultura e desenvolvimento do Brasil), entregue pela presidenta Dilma Rousseff.

 

Sonia Guajajara é uma inspiração para diversas mulheres, especialmente, os povos indígenas do Brasil.​​​​​​​

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Curiosidades

A Lei n° 11.645/2008 torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas brasileiras, públicas e privadas, do ensino fundamental e médio.

Esta determinação é importante, pois nos permite resgatar “suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil” (BRASIL, 2008). Isto nos auxilia a compreender e estimar os “valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira” (BRASIL, 2010, p.18); e a enfrentar o preconceito dirigido principalmente a pessoas negras e indígenas.

 

12 de Junho é o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil.

A data foi instituída em 2002 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e foi instituída no Brasil através da Lei n° 11.542/2007. “Para marcar a data, todos os anos é proposto um tema sobre uma das formas de trabalho infantil para realizar uma campanha de sensibilização e mobilização da população”.

Glossário

  • Fundação Nacional do Índio (Funai) -  Foi criada em 5 de dezembro de 1967 e é vinculada ao Ministério da Justiça. É o órgão indigenista oficial do Estado brasileiro. A FUNAI deve proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil, o que inclui: identificar, demarcar, regularizar, monitorar e fiscalizar seus territórios; coordenar e implementar políticas de proteção aos povos indígenas isolados e recém-contatados e outras políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável destas populações. Deve promover ainda ações de etnodesenvolvimento, conservação, proteção e recuperação do meio ambiente nas terras indígenas.

Vídeos

Referências:

 

AVENDAÑO, Tom C. Sonia Guajajara: “Me preparei para o pior, para a discriminação. Mas a campanha foi bonita”. El país [online]. 08 out. 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/07/politica/1538876524_657617.html. Acesso em: 03 jul.2020

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 março de 2008. Institui a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília.2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.html. Acesso em: 15 jun. 2020.

BRASIL. Estatuto da igualdade racial. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010. 33p.

BRASIL. Ministério do Turismo. Secretaria Especial da Cultura. Ordem do Mérito Cultural 2018 homenageia 35 personalidades e instituições. [online]. Disponível em: http://cultura.gov.br/ordem-do-merito-cultural-2018-homenageia-35-personalidades-e-instituicoes/. Acesso em: 03 jul.2020

CAMPANHA DE MULHER. Sonia Guajajara. [online]. Disponível em: https://campanhademulher.org/Sonia-guajajara/. Acesso em: 03 jul.2020

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI. Site oficial. Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/quem-somos. Acesso em: 03 jul. 2020.

GUILERME BOULOS. Página oficial no Facebook. Disponível em: https://www.facebook.com/guilhermeboulos/. Acesso em: 03 jul. 2020.

OLIVEIRA, Karolyne Rocha de. Sonia Guajajara, a primeira indígena candidata à vice-presidência. Fala! [online]. 11 set. 2018. Disponível em: https://falauniversidades.com.br/Sonia-guajajara-indigena-candidata/. Acesso em: 03 jul.2020.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - OIT. Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-infantil/WCMS_565235/lang--pt/index.htm. Acesso em: 03 jul. 2020.

PINTO, Juliana. Sonia Guajajara: O reconhecimento e respeito pelos povos indígenas vão além da garantia por cidadania. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM. 04 maio 2015. Disponível em:  https://web.archive.org/web/20150929141416/http://ipam.org.br/revista/Sonia-Guajajara-O-reconhecimento-e-respeito-pelos-povos-indigenas-vai-alem-da-garantia-por-cidadania/750. Acesso em: 03 jul.2020.

REINHOLZ, Fabiana e MARKO, Katia. Sonia Guajajara comemora a liderança das mulheres indígenas na luta por direitos. Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) [online]. 09 de Junho de 2020 às 20:42. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/06/09/povos-indigenas-vivem-momento-traumatico-afirma-Sonia-guajajara. Acesso em: 03 jul.2020.

SGANZERLA, Carol. Sonia Guajajara: a primeira indígena a concorrer ao pleito presidencial quer a defesa do meio ambiente no Palácio do Planalto. Marie Claire [online]. 05 Set 2018 às 18h28. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2018/09/Sonia-guajajara-primeira-indigena-concorrer-ao-pleito-presidencial-quer-levar-defesa-do-meio-ambiente-ao-palacio-do-planalto.html. Acesso em: 03 jul.2020

 

Fontes das imagens:

Disponível em: <https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2018/09/sonia-guajajara-primeira-indigena-concorrer-ao-pleito-presidencial-quer-levar-defesa-do-meio-ambiente-ao-palacio-do-planalto.html>. Acesso em 08 de jul de 2020.

Disponível em: <https://omirantejoinville.com.br/2018/05/07/sonia-guajajara-pre-candidata-a-vice-do-psol-vem-a-joinville-na-sexta/>. Acesso em 08 de jul de 2020.

Disponível em: <https://campanhademulher.org/sonia-guajajara/>. Acesso em 08 de julho de 2020.

Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/nova-marina-indigena-sonia-guajajara-e-cotada-como-vice-de-boulos.shtml>. Acesso em 08 de jul de 2020.

Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/06/09/povos-indigenas-vivem-momento-traumatico-afirma-sonia-guajajara>. Acesso em 08 de jul de 2020.​​​​​​​​​​​​​​​​​​​

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