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Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos nasceu em 01 de agosto de 1980, em Santos, São Paulo. Ela iniciou o contato com a militância ainda na infância. Uma das grandes influências foi o pai, estivador, militante e comunista, um homem que, mesmo com pouco estudo formal, era culto. “Desde muito cedo, eu e meus dois irmãos vivemos nesse meio. Com seis anos, já íamos para atos. A gente debatia esses temas em casa e meu pai nos fazia estudar a história do nosso povo”, relembra.

 

O movimento feminista entrou na vida da filósofa aos 19 anos, quando conheceu a Organização Não Governamental (ONG) Casa de Cultura da Mulher Negra, em Santos-SP, onde atuou por cerca de quatro anos. Lá, teve contato com obras de feministas e de mulheres negras e passou a estudar temas relacionados a gênero e raça.

 

Graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2012; e se tornou mestra em Filosofia Política com ênfase em teoria feminista na mesma instituição, em 2015. Os principais temas abordados por Djamila são: relações raciais e de gênero e feminismo. Escreveu o prefácio da edição brasileira do livro “Mulheres, raça e classe” (1981), de autoria da filósofa negra e feminista norte-americana Angela Davis, traduzido e lançado no Brasil em setembro de 2015.

 

Em 2017, escreveu o livro “O que é lugar de fala?”, que aborda, sob a perspectiva do feminismo negro, a urgência de romper com os silêncios instituídos, ou seja, a necessidade de acabarmos com as diferentes estratégias utilizadas em nossa sociedade para fazer com que as ideias e demandas de determinadas pessoas ou grupos não sejam percebidas, escutadas ou valorizadas. A autora explica didaticamente o conceito "Lugar de fala" e traz produções intelectuais de mulheres negras ao longo da história.

 

No seu livro “Quem tem medo do feminismo negro?”, lançado em 2018, Djamila reúne um ensaio autobiográfico e uma seleção de artigos publicados por ela no blog da revista Carta Capital. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de sua infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade vivido por ela e que é um dos muitos resultados da discriminação racial e de gênero. Muitos textos reagem a situações do cotidiano, a partir das quais, Djamila destrincha conceitos como “empoderamento feminino” e “interseccionalidade”. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como a francesa Simone de Beauvoir.

 

No ano de 2019, Djamila publicou duas obras: “Pequeno manual antirracista” - que contém dez lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo, além de apresentar caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas - e “Lugar de Fala”, que traz para o grande público questões importantes referentes aos mais diversos feminismos de forma didática e acessível.

 

Ao longo de sua trajetória, recebeu algumas premiações, como: Prêmio Cidadão SP em Direitos Humanos, em 2016; Trip Transformadores, em 2017, concedido pela Revista Trip; Melhor colunista no Troféu Mulher Imprensa, em 2018; Prêmio Dandara dos Palmares, em 2017, concedido a mulheres que promovem trabalhos em prol da tolerância e do respeito interracial. Ela também está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo com menos de 40 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU); e foi escolhida como “Personalidade do Amanhã”, pelo governo francês em 2019. Djamila foi capa da Revista Gol e Revista Claudia.

 

Djamila é presença ativa nas redes sociais, possuindo mais de 900 mil seguidores, somente no Instagram. Ela conseguiu que sua voz ecoasse muito além das redes sociais; e é conhecida como filósofa pop, já que alguns de seus feitos englobam uma presença em diversos meios de comunicações populares. Djamila reconhece que a internet abriu o espaço para que essas questões, que não eram e não são discutidas na mídia tradicional, tivessem mais visibilidade. “A internet é um espaço importante para se escutar narrativas – já que, de modo geral, a mídia hegemônica ainda ignora as nossas pautas – e a gente consegue, muitas vezes, pautar essa mídia hegemônica com barulhos que começamos a fazer nas redes. Só que, ao mesmo tempo, ela dá voz para um monte de gente horrível, haters, que também a utilizam com o propósito de atacar as pessoas que estão lutando por direitos. Mas há um efeito positivo. Se a gente está incomodando muito, está surtindo efeito. Não se pode menosprezar nem subestimar a internet como uma ferramenta também de militância”, afirmou Djamila em uma entrevista.

 

Ao usufruir da sua influência, Djamila mostra que se informar sobre o racismo, reconhecer privilégios da branquitude, ler autores negros, questionar a cultura que consumimos e conhecer nossos desejos e afetos, por exemplo, são passos essenciais para que esse processo de mudança aconteça.​​​​​​​​

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Glossário

  • Comunismo -  O comunismo é um modo de pensar (ideologia) e de organizar na prática a política e a economia de uma sociedade buscando garantir que todas as pessoas tenham acesso aos mesmos direitos; as mesmas condições de vida, sem desigualdades; e que as propriedades sejam compartilhadas entre todos, ao invés de existirem empregados e patrões. Comunista é aquele que defende o comunismo.

  • ​Relações raciais e relações de gênero -  As relações raciais se referem à convivência, no dia a dia, entre pessoas de diferentes raças (ex. pessoas brancas e negras) e as relações de gênero, entre pessoas de sexo diferente (homens e mulheres). Estas relações são influenciadas por valores que buscam favorecer e proteger determinados grupos e afirmá-los como melhores ou superiores, prejudicando os demais (ex. achar que pessoas brancas são mais importantes do que pessoas indígenas ou negras; pensar que os homens devem ter salários maiores do que as mulheres etc.). Refletir sobre as relações raciais e as relações de gênero significa discutir como estas relações são pensadas, praticadas e justificadas, por cada pessoa e pela sociedade em geral, para garantir uma relação desigual de poder entre os indivíduos.

  • Branquitude -  É um conceito criado em determinado momento na História ocidental, em sociedades estruturadas pelo racismo; e que tem sido mantido ao longo do tempo, supondo que as pessoas brancas são superiores em relação aos não-brancos (“superioridade racial branca”), o que lhes daria o direito de ter privilégios, oportunidades proibidas aos demais (ex. pessoas negras, pessoas indígenas). Esta ideologia considera a cor/raça um divisor muito importante entre as pessoas e confere poder e legitimidade sobretudo às pessoas brancas do sexo masculino. Os interesses, comportamentos e valores deles são considerados um padrão para julgarem e se relacionarem com as demais pessoas, grupos e culturas. Por causa disso, os modos de compreender o mundo, viver e produzir conhecimento que são diferentes desta norma são desprezados.

Fonte:

 

ASCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, p. 7, 17-20). Disponível em: http://mulheresnaciencia.com.br/mulheres-em-todas-as-cores-djamila-ribeiro/. Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.wikiwand.com/pt/Djamila_Ribeiro . Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em:https://www.vice.com/pt_br/article/bmgkvd/entrevista-djamila-ribeiro-2016> . Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.amazon.com.br/Quem-tem-medo-feminismo-negro/dp/8535931139/ref=pd_sbs_14_3/. Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.amazon.com.br/Pequeno-manual-antirracista-Djamila-Ribeiro/dp/8535932879/ref=pd_. Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em: https://ffw.uol.com.br/noticias/comportamento/djamila-ribeiro-fala-ao-ffw-sobre-apropriacao-cultural-ativismo-na-internet-e-negros-e-mulheres-na-moda/. Acesso em 15 de julho de 2020.

Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Comunismo. Acesso em: 17 jul. 2020

 

Fontes das imagens:

Disponível em: https://oglobo.globo.com/ela/gente/djamila-ribeiro-comemora-sucesso-na-academia-fora-dela-nao-descarta-carreira-politica-pode-ser-que-daqui-alguns-anos-eu-me-interesse-1-24523474. Acesso em 17 de jul de 2020.

Disponível em: <https://midia4p.cartacapital.com.br/homogeneizar-a-populacao-negra-e-uma-visao-colonial-afima-a-filosofa-e-feminista-negra-djamila-ribeiro-em-entrevista-ao-4p/>. Acesso em 17 de jul de 2020.

Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2019/06/17/seguranca-publica-e-um-dos-debates-mais-urgentes-afirma-a-filosofa-djamila-ribeiro>. Acesso em 08 de julho de 2020.

Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2018/12/11/djamila-ribeiro-estreia-acao-de-beleza-da-para-ser-feminista-e-vaidosa.html>. Acesso em 08 de jul de 2020.​​​​​​​​​​​​​​

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