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Malala Yousafzai

Malala Yousafzai nasceu no dia 12 de julho de 1997, em Mingora, cidade localizada no Vale do Swat, região bastante conservadora do Paquistão. Ao nascer, nenhum vizinho foi dar parabéns aos seus pais, pois é tradição, em algumas regiões do Paquistão, só celebrar o nascimento de meninos. As meninas, vistas como um “peso”, são obrigadas a casar cedo e ter filhos aos 14 anos. Entretanto, Malala escapou desse destino graças à sua família, em especial, seu pai, Tor Pekai Yousafzai - educador e dono de escola - que sempre apoiou sua vontade de estudar, contrariando os hábitos locais, estimulava a filha a gostar de física, literatura, história, política e a se indignar com as injustiças do mundo.

 

Quando tinha 10 anos, Malala viu o Talibã fazer do Vale do Swat seu território e proibir a frequência escolar de meninas. Nessa época, ela estudava na escola da qual seu pai era dono e que, como as demais, teve que ser fechada.

 

Em 2008, com 11 anos, a menina criou o blog “Diário de uma Estudante Paquistanesa” para escrever sobre seu amor pelos estudos e as dificuldades vividas no Paquistão, descrevendo o seu cotidiano durante a ocupação talibã e os seus pontos de vista sobre a promoção da educação para as jovens no vale do Swat. O blog era escrito sob o pseudônimo Gul Makai, mas, em poucos meses, a identidade de Malala foi revelada e ela passou a conceder entrevistas para TVs e jornais. Com 12 anos, para continuar indo à escola, escondia o uniforme dentro da mochila para não ser atacada e espancada no caminho. Nessa época, em um documentário feito pelo New York Times, Malala afirmava que queria ser médica e, para isso, iria continuar estudando em qualquer outro lugar. A popularidade da garota aumentou consideravelmente, dando entrevistas na imprensa e na televisão, sendo nomeada para o prémio internacional da Criança pelo ativista sul-africano Desmond Tutu (o primeiro arcebispo anglicano negro da Cidade do Cabo e Joanesburgo, na África do Sul; e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1984).

 

Em 2010, embora o governo tivesse anunciado a expulsão do Talibã da região do Vale do Swat, no Paquistão, a milícia continuava rondando a área. Malala, que já era conhecida por defender em entrevistas e palestras o direito das meninas à educação, passou a receber ameaças de morte. Na tarde de 9 de outubro de 2012, enquanto ela estava em uma van escolar na província de Khyber Pakhtunkhwa, um homem armado chamou-a pelo nome, apontou-lhe uma pistola e disparou três tiros. Uma das balas atingiu o lado esquerdo da testa e percorreu o interior da pele, ao longo da face e até ao ombro. Nos dias que se seguiram ao ataque, Malala manteve-se inconsciente e em estado grave. O ataque à ativista veio logo depois que os talibãs haviam perdido o controle do Vale do Swat e a justificativa foi que ela era uma ameaça ao Islã. A menina precisou se submeter a uma cirurgia e foi transferida para a Inglaterra, onde recebeu tratamento. Malala sobreviveu ao atentado, recuperou-se e não recuou de suas convicções. Tornou-se porta-voz de uma causa – o direito à educação. Sua família mudou-se para a cidade inglesa de Birmingham, onde vive exilada.

 

A tentativa de assassinato desencadeou um movimento de apoio nacional e internacional ao direito à educação. A empresa de radiojornalismo alemã Deutsche Welle escreveu em 2013 que Malala se tornou "a mais famosa adolescente em todo o mundo". Gordon Brown, o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação global, lançou uma petição da ONU em nome de Malala com o slogan I am Malala ("Eu sou Malala") exigindo que todas as crianças do mundo estivessem inscritas em escolas até ao fim de 2015, o que impulsionou a retificação da primeira lei de direito à educação no Paquistão.

 

No dia 12 de julho de 2013, quando comemorou 16 anos, Malala foi para a cidade norte-americana de Nova Iorque, onde falou para uma plateia de representantes de mais de 100 países na Assembleia de Jovens das Nações Unidas. No fim do discurso, deixou evidente que a causa pela qual quase morreu permanece a mesma: “Nossos livros e canetas são as armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Educação é a única solução”. Em outubro de 2013, sua história foi publicada na biografia “Eu Sou Malala”, escrita por Christina Lamb. No mesmo mês, Malala Yousafzai recebeu o Prêmio Sakharov, dado pelo Parlamento Europeu a ativistas dos direitos humanos que atuam em diversos países. Ademais, anunciou a criação de um fundo que leva seu nome para promover a educação para meninas no Paquistão.

 

No dia 10 de outubro de 2014, aos 17 anos, Malala recebeu o “Prêmio Nobel da Paz”, tornando-se a mais jovem ganhadora da premiação. A honraria foi dividida com o hindu Kailash Satyarthi, de 60 anos, que liderou missões para resgatar 80.000 crianças que trabalhavam em condições de escravidão na Índia. Em 2017, foi aprovada para o curso de Filosofia, Política e Economia da Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma das universidades mais respeitadas do mundo, criada em 1096. O curso é famoso por formar grandes intelectuais britânicos. No ano seguinte, retornou ao Paquistão, depois de seis anos, quando se encontrou com o primeiro-ministro paquistanês na capital Islamabad. Malala fez um breve discurso televisionado, quando se emocionou e disse que se dependesse dela, jamais teria deixado o Paquistão.

 

Em junho de 2020, aos 22 anos, formou-se pela Universidade de Oxford. "Não é fácil expressar minha gratidão agora que consegui meu diploma de filosofia, política e economia em Oxford. Não sei o que está porvir", disse Malala.​​​​​​​

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Curiosidades

O Portal de Revistas da Universidade de São Paulo atribuiu o nome de Malala a um boletim eletrônico que trata de questões relacionadas ao Islã e ao Mundo Muçulmano.

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Glossário

  • Talibã -  Grupo islâmico etnonacionalista, de origem pashtun, rural e sunita. É representado atualmente pelo líder político e mulá (título conferido à personalidade da hierarquia religiosa islâmica xiita) Abdul Ghani Baradar. O grupo inicial, de origem afegã, deu origem em 2007 ao grupo jihadista paquistanês (“Talibã Paquistanês”), os quais atuam e têm objetivos diferentes. O Talibã não deve ser confundido com a Al-Qaeda (rede jihadista messiânica que opera em diversos países).

  • Pseudônimo - País localizado na Ásia, faz fronteira com a China, a Índia, o Afeganistão e o Irã. Os conflitos internos entre dois segmentos religiosos muçulmanos (xiitas e sunitas) são constantes e agravam a violência no país.

  • Paquistão - “A Era Espacial teve início no contexto da corrida espacial” entre os EUA e a ex-URSS, quando a ex-União Soviética lançou, em 4 de outubro de 1957, o primeiro satélite construído pelo ser humano - o Sputnik I. “A partir daí, têm sido enviadas ao espaço naves tripuladas, sondas, estações orbitais, satélites, telescópios espaciais, com as mais diversas finalidades” (REIS E GARCIA, 2006, p.362).

  • Sociedade patriarcal - Sociedade dominada por homens adultos, na qual eles mandam em todas as estruturas sociais, sobretudo a familiar (espaço doméstico), subordinando mulheres e filhos, por exemplo, que devem apenas seguir suas ordens, sem contestações. O valor das pessoas é desigual; a relação entre homens e mulheres é hierarquizada; a violência contra a mulher é naturalizada e, por vezes, não é considerada um crime. A subjugação dos demais pelo patriarca busca reafirmar sua autoridade moral e poder; e isto influencia nos afetos, valores, pensamentos e comportamentos de homens e mulheres no dia a dia.

  • ​Fundamentalismo - O termo fundamentalismo surgiu nos Estados Unidos entre os séculos XIX e XX para se referir a um movimento religioso protestante, conservador, contrário à modernidade, à ciência e ao liberalismo. Ser fundamentalista é defender rigidamente os fundamentos da fé cristã e interpretar a Bíblia no sentido literal, tomando-a como uma verdade absoluta e rejeitando qualquer outra interpretação, sem dialogar com a História, as mudanças sociais, os conhecimentos e contribuições da ciência. O fanatismo é a devoção (crença e defesa) a uma causa que pode motivar as pessoas a adotarem atitudes autoritárias, agressivas e violentas contra outras pessoas e grupos. “Outros grupos, dentro e fora das religiões (podem) faze(r) o mesmo, mas não se denominam desta forma. Por isso podemos dizer que há fundamentalismos diversos: evangélico/protestante, católico, islâmico, judaico, budista, marxista, neoliberal, etc.”

Vídeos

Fonte:

 

Disponível em: <https://www.ebiografia.com/malala/> . Acesso em 22 de junho de 2020.

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Malala_Yousafzai>. Acesso em 23 de junho de 2020. 

Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/conheca-a-historia-da-ativista-malala-yousafzai/> . Acesso em 23 de junho de 2020. 

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Malala_Yousafzai>. Acesso em 23 de junho de 2020. 

Site Unidos pelos Direitos Humanos. Disponível em: <https://www.unidosparaosdireitoshumanos.com.pt/voices-for-human-rights/desmond-tutu.html>. Acesso em: 23 jun. 2020. 

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/mul%C3%A1. Acesso em: 23 jun. 2020 .

Carta Capital. Sessão Mundo [online]. “EUA e Talibã assinam acordo de paz histórico”. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/mundo/eua-e-taliba-assinam-acordo-de-paz-historico/. Acesso em: 23 jun. 2020.

Portal de Revistas da USP [online]. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/malala/. Acesso em: 23 jun. 2020.

NAPOLEÃO, Thomaz. De Bonn a Bonn: uma década de engajamento internacional no Afeganistão Pós- Talibã. Revista Conjuntura Austral. vol. 4, n.15-16. Dez. 2012 - Mar 2013. p.4-21. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/ConjunturaAustral/article/view/31967. Acesso em: 23 jun. 2020.

ALMEIDA, Tânia Mara Campos de. As raízes da violência na sociedade patriarcal. Soc. estado.,  Brasília, v.19, n.1, p.235-243, jun.2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922004000100012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 25  jun.  2020.

Carta Capital [online]. Diálogos da fé. Precisamos falar sobre fundamentalismo. (autoria não informada). Reportagem publicada em 24 ago.2017. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/precisamos-falar-sobre-fundamentalismo/. Acesso em: 25 jun. 2020

 

Fontes das imagens:

 

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Malala_Yousafzai#/media/Ficheiro:Malala_Yousafzai_at_Girl_Summit_2014.jpg>. Acesso em 30 de junho de 2020.

Disponível em: <https://br.fashionnetwork.com/news/Avon-e-malala-yousafzai-se-unem-em-prol-da-educacao-de-meninas-brasileiras,1124173.html>. Acesso em 01 de julho de 2020.

Disponível em: <https://www.eusemfronteiras.com.br/malala-yousafzai-luta-em-prol-da-educacao/>. Acesso em 01 de julho de 2020.

Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/19/inicio-de-um-sonho-deu-tudo-certo-malala-se-forma-em-oxford.ghtml>. Acesso em 01 de julho de 2020.

Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/revista-malala-divulga-estudos-sobre-oriente-medio-e-mundo-muculmano/>. Acesso em 01 de julho de 2020.

Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/malala/article/view/101774>. Acesso em 01 de julho de 2020.​​​​​​​​​​​​​​​​​

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